Com o objetivo de erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas possam desfrutar de paz e prosperidade, a Agenda 2030 da ONU apresenta 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e constitui um compromisso global em alinhar políticas e estratégias baseadas na sustentabilidade para acabar com as desigualdades sociais. Dentre esses objetivos, destaca-se saúde e bem-estar, energia limpa e acessível, trabalho descente e crescimento econômico e cidades e comunidades sustentáveis. A arquitetura pode contribuir de maneira significativa para alcançar esses objetivos.
Segundo dados do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, o setor de construção civil é responsável por consumir 75% dos recursos naturais, 20% só de água. Além disso, o descarte excessivo e irregular de resíduos gera um impacto ambiental devastador. Para reduzir o consumo e ampliar a discussão, é preciso considerar cada vez mais projetos sustentáveis, não só no que diz respeito a utilização dos materiais, mas também à função social daquele bem. E quando se fala de preservação do patrimônio histórico, esse debate ganha mais força.
Quando o descaso ao patrimônio histórico-cultural se torna um obstáculo à construção da memória coletiva, prejudicando inclusive a economia, as diretrizes da Agenda 2030 da ONU parecem indispensáveis. A proteção dos bens materiais e imateriais de um determinado lugar reflete também na preservação da memória de um povo. Um posicionamento que seja afim aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como apontado no 11.4 o de “fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo”, entende que o patrimônio histórico arquitetônico é um vetor para a transformação social. Para isso, os projetos devem se diferenciar por um estudo aprofundado do território e de seu contexto social, por uma marcada análise das necessidades locais e expectativas da comunidade, e por uma responsabilidade com a função social dos bens e o anseio do coletivo.
Pensar em projetos sustentáveis é também pensar em atividades culturais concebidas sob medida para cada contexto, a exemplo de palestras, oficinas e material didático gratuito. Além disso, realizar trabalhos de educação patrimonial e capacitação profissional parece cada vez mais ser uma via de acesso aos desejos da comunidade e uma forma de conceber a ressignificação de um lugar frente à atualidade, convergindo para a meta 8.9 dos ODS, que propõe o incentivo ao turismo sustentável.
A Agenda 2030 da ONU nos oferece uma boa oportunidade para reflexão e prática de justiça social, garantindo moradia digna para todos, utilização sustentável dos recursos e materiais, execução de projetos que levem em conta a economia criativa e expansão da sensação de pertencimento ao local.